Reciclagem de baterias de automóveis elétricos: o que precisa de saber

As baterias dos automóveis elétricos são constituídas por componentes químicos poluentes, tais como lítio, cobalto, níquel ou manganésio. Estes elementos não podem, em caso algum, ser eliminados na natureza. Devem ser reciclados, por razões óbvias de preservação do ambiente ou de segurança, pois alguns componentes são altamente inflamáveis e tóxicos.

Em Portugal, a reciclagem de baterias de automóveis elétricos é enquadrada pela diretiva europeia 2006/66/CE, transposta para o direito português graças ao Decreto-Lei n.º 152-D/2017. Este último texto legislativo exige que «os comerciantes de pilhas e acumuladores portáteis são obrigados a dispor nas suas instalações de recipientes específicos para recolha seletiva de resíduos de pilhas e acumuladores portáteis [...] é livre de quaisquer encargos para o utilizador final particular e não depende da aquisição de novas baterias ou acumuladores.» Por sua vez, a diretiva europeia sobre a reciclagem de baterias de automóveis elétricos exige uma percentagem mínima de reciclagem de acumuladores:

• no mínimo, 65 % do peso das baterias de chumbo-ácido;
• no mínimo, 75 % do peso das baterias de níquel-cádmio (a venda destas baterias foi proibida pela diretiva europeia 2002/95/CE);
• no mínimo, 50 % do peso das baterias de iões de lítio

A bateria de um automóvel elétrico pode pesar entre 100 e 600 kg, por vezes mais. É, então, um elemento imponente que deve ser desmantelado cuidadosamente para recuperar os diferentes componentes que o constituem. Nos últimos anos, os fabricantes privilegiaram a utilização de baterias de iões de lítio, nomeadamente devido à sua maior autonomia em relação aos outros modelos. Atualmente, estes são os acumuladores de energia mais reciclados.

Durante a reciclagem de uma bateria de lítio de um automóvel elétrico, o acumulador passa, em primeiro lugar, por um descarregamento total da sua energia. Normalmente, as baterias em fim de vida têm uma capacidade inferior a 70 %, o que deixa uma pequena margem de energia residual. Quando a bateria estiver descarregada, a empresa de reciclagem de baterias de automóveis elétricos segue estas etapas, segundo a ordem:

• desmontagem de todos os elementos, que são depois enviados para os setores de reciclagem adequados;
• corte de cada parte da bateria, no sentido de recuperar as células ativas, o verdadeiro coração da bateria;
• trituração das baterias com o objetivo de identificar os diferentes metais (ferrosos e não ferrosos);
• recuperação dos metais ferrosos e não ferrosos graças à hidrometalurgia, que consiste em extrair quimicamente os metais com o objetivo de valorizá-los.

Quer se trate de veículos usados ou novos, as baterias têm uma vida útil de cerca de 8 anos, por vezes 10, dependendo do fabricante. Com várias centenas de milhares de automóveis elétricos nas estradas, o tratamento das baterias em fim de vida disparou nos últimos anos. Mais cedo ou mais tarde, será então necessário reciclar as baterias, bem como os veículos elétricos em circulação. Nesse sentido, estão a desenvolver-se empresas de reciclagem de baterias de automóveis elétricos, em parceria com os fabricantes, mas também com as fábricas de refinação de metais e de revalorização de resíduos.

O impacto ambiental da reciclagem das baterias é promissor. Efetivamente, os metais extraídos dos acumuladores usados são reutilizados para criar novas baterias ou outros objetos. Por outro lado, a reutilização de materiais existentes limita as necessidade de novos componentes, cuja extração é poluente, quer seja nas minas de cobalto, manganésio, ou até mesmo de lítio, cuja extração exige grandes quantidades de água.