Carros limpos-Publicado a 01/03/2023-Atualizado a 04/09/2023
Como funciona uma viatura a hidrogénio?
Anunciada há alguns anos, a viatura a hidrogénio seria a solução ideal para se deslocar de forma ecológica, utilizando um recurso presente em quantidades elevadas na natureza. Como funciona a viatura a hidrogénio? Quais são as vantagens e desvantagens desta tecnologia? Podemos esperar um rápido desenvolvimento nos próximos anos?
O funcionamento de uma viatura a hidrogénio
A viatura a hidrogénio funciona com uma célula de combustível. Trata-se de uma «fábrica em miniatura», instalada ao nível do motor, que cria uma corrente elétrica graças à reação de oxidação com hidrogénio e oxigénio e liberta apenas água. Por que razão utilizar hidrogénio? Este elemento químico está presente em grande quantidade à nossa volta e, nesse sentido, é, portanto, uma das melhores fontes de energia renovável que podemos imaginar.
Tal como as viaturas elétricas que funcionam com baterias de iões de lítio, os modelos movidos a hidrogénio não produzem CO2 ou partículas finas, contribuindo, por isso, para a pureza do ar. Além disso, oferecem o mesmo conforto de condução, com um motor silencioso e uma boa capacidade de manobra.
Na Stellantis, a viatura a hidrogénio é levada muito a sério pelos nossos engenheiros. Um primeiro modelo - o utilitário Peugeot e-Expert Hydrogen - entrou em produção no final de 2021.
As limitações da viatura a hidrogénio
Embora o motor a hidrogénio pareça particularmente promissor, existem, no entanto, pontos mais sombrios. A começar pela quantidade de energia necessária para transformar o hidrogénio, para que possa ser armazenado na viatura. De facto, mesmo que esteja presente por todo o lado à nossa volta, o componente não pode ser utilizado diretamente. É necessário encher os tanques de vácuo a uma pressão de 700 bar. Por isso, é um recurso bastante dispendioso.
Atualmente, a origem do hidrogénio também representa um problema a nível ecológico. O elemento precioso na maior parte das vezes resulta de processos ligados aos combustíveis fósseis, como a gaseificação de materiais orgânicos. No entanto, existem formas mais limpas de produzir hidrogénio, incluindo a eletrólise da água utilizando energia solar ou eólica.
O reabastecimento de viaturas a hidrogénio também pode ser um problema. Na verdade, demora cerca de 10 minutos encher os depósitos de vácuo de uma berlina de tamanho clássico. Os postos que oferecem este combustível ainda são poucos. A rede de distribuição deverá contar com 100 pontos de carregamento em 2023, com a ideia de chegar a 1 000 até 2028.
A quem se destina uma viatura a hidrogénio?
À semelhança do utilitário Peugeot e-Expert Hydrogen que lhe anunciámos anteriormente, as viaturas a hidrogénio devem numa fase inicial complementar as frotas profissionais. Os artesãos podem beneficiar da economia de combustível a longo prazo, e os táxis irão apreciar o funcionamento ecológico da célula de combustível, que permite o acesso e a condução nas cidades sem o risco de multa.
Será a viatura a hidrogénio, um dia, utilizada pelo público em geral? É difícil responder a esta pergunta, porque depende de muitos parâmetros. Por agora, é uma tecnologia relativamente dispendiosa para os particulares, mas pode atrair os apreciadores de viagens longas. Na verdade, os veículos elétricos têm como principal defeito a sua bateria que demora muito tempo a recarregar, o que os impede de serem utilizados por mais de 400 a 500 km sem uma longa pausa. Com um tempo médio de 10 minutos para reabastecer, o hidrogénio não é tão rápido como a sua viatura usada movida a gasolina ou diesel, mas ainda economiza longas horas!
A Comissão Europeia parece acreditar no potencial da viatura a hidrogénio. Em julho de 2020, a instituição anunciou que pretendia aumentar a quota do hidrogénio para 12 ou 14 % do cabaz energético até 2050. Para tal, prevê implementar diversas medidas, tal como o financiamento nacional e europeu, nomeadamente através do plano de recuperação, e uma flexibilização das restrições no que diz respeito aos investimentos.